quinta-feira, 21 de julho de 2011

Coberturas Naturais


Estabelecer um contato mais próximo com a natureza faz parte do estilo de vida atual, que redescobriu a força da terra, os poderes das pedras e as importantíssimas propriedades das plantas. Dentro desta nova e saudável concepção, a arquitetura oferece possibilidades para resgatar formas mais simples e naturais de se viver, entre elas, as coberturas naturais.
Optar por um revestimento natural para o telhado é uma forma de integrar a construção à natureza. Muito solicitado para casas de praia ou de campo, ele aparece também em regiões urbanas, cobrindo ambientes de lazer como varandas, quiosques, áreas de churrasqueiras, ou mesmo a casa inteira. Para obter um bom resultado, recomenda-se o uso de fibras tradicionais, como o sapé, a palha de santa fé, a piaçava e a palha de coqueiro. Num primeiro momento, pode parecer estranho que esse tipo de cobertura tão primitiva realmente proteja contra a ação da chuva, vento e do sol. Entretanto, ela mostra excelentes qualidades como isolante térmico e acústico. A água da chuva também não atrapalha, desde que a estrutura do telhado tenha declividade mínima em torno de 30 graus.
Uma das desvantagens da cobertura natural é o seu tempo de vida, em média, de três a quinze anos. Nos centros urbanos este fator é agravado pela poluição, obrigando a trocas mais freqüentes da fibra. Deve-se estar atento ainda quanto à proliferação de insetos como
baratas, aranhas e cupins. O risco de incêndio também é maior do que no telhado revestido por
telhas comuns. A única saída é instalar "splinders" (dispositivos para irrigação), que mantêm a fibra úmida, retardando a ação do fogo. Aliás, quando a cobertura natural for utilizada sobre
churrasqueiras, recomenda-se construir uma chaminé alta, coberta por um tubo de amianto ou tijolos. Normalmente a cobertura natural é associada a uma arquitetura de tendências rústicas. Mas ela pode ser combinada a outros estilos. Se a idéia é se aproximar o máximo da natureza, a estrutura do telhado deve ser de madeira, de preferência aparente. A presença do forro é
opcional e deve atender às expectativas estéticas para os ambientes internos, já que o visual do exterior está garantido. Em todo o Brasil há empresas especializadas em coberturas naturais,
mas poucas trabalham com todos os tipos de fibras. A dificuldade acontece porque normalmente só a mão-de-obra nativa da região de determinada folha ou palha tem conhecimento para realizar uma cobertura perfeita.

Piaçava
Original do Nordeste, esta fibra é colhida quando amadurece. A parte mais grossa é aproveitada para produzir vassouras e o restante é usado na confecção de coberturas. A piaçava é trançada em ripas de madeira, presas em caibros a uma distância de 17cm uma das outras. A
sobreposição das ripas compõe o visual interno da casa. Do lado de fora, a piaçava é penteada e fica lisa. A espessura final é de 8 a 10cm. Para cada 10m² de cobertura são necessários 100m de piaçava. O tempo médio de vida é de dez a doze anos.

Palha de Santa Fé
Encontrada nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, proporciona a aparência de uma massa compacta e flexível. A palha é arranjada em feixes de 30cm de comprimento, posteriormente presos com arame a ripas de 2,5 x 2,5cm. Por sua vez, elas são pregadas aos
caibros e separadas 20cm uma das outras. A espessura final da cobertura é de 20cm. Quarenta feixes de 10cm de diâmetro cobrem 1m². Durabilidade: dez a quinze anos.

Sapé
É natural de encostas e mais fácil de ser encontrado. Para compor a cobertura, os feixes de sapé são amarrados com arame ao ripamento já pregado em caibros. O efeito externo é semelhante ao da piaçava, com espessura de 10 a 15cm. Cada metro quadrado requer trinta feixes de
sapé com 10cm de diâmetro. Sua vida útil é de aproximadamente três anos.

Palha de coqueiro
Nativa dos estados do Norte e Nordeste, essa folha deve ser dobrada e presa nos caibros com arames ou pregos, formando uma estrutura que lembra um pente. Os pentes são sobrepostos um ao outro por cima da cobertura de madeira, a partir das bordas. A durabilidade deste
material está na faixa de dois a quatro anos.

Telhados de grama
Esse tipo de telhado oferece bom isolamento térmico em custa muito pouco, exige apenas a mão-de-obra de um dia de trabalho. O clima ideal para esse tipo de cobertura é o clima tropical.
Primeiro construímos a estrutura de madeira e bambu com uma inclinação mínima de 1:10. Para telhados com inclinação bem maior é bom usar bambus de espessuras variáveis formando uma base ondulada, evitando que a grama deslize. Pode-se ainda utilizar bambus na
direção contrária aos demais ou tela de galinheiro, assim podemos fazer uma inclinação bem maior. Prega-se uma tabua na vertical e coloca-se um plástico, para evitar infiltrações da água da chuva, fixado com uma ripa pregada nas tábuas do beiral. Ao longo da tábua, na parte mais baixa do telhado, coloca-se um tubo, furado a cada 20 cm, para drenar a água da chuva; cobre-se
esse tubo com brita para que não se entupam os furos da drenagem. Em seguida, cobre-se toda a cobertura com placas de grama. Pode-se ainda plantar flores coloridas para dar um aspecto mais agradável, tomando o cuidado de escolher gramas e plantas que resistam em pouca
terra. Em regiões aonde existam épocas de seca é recomendado deixarmos uma mangueira perfurada instalada na parte mais alta do telhado para regar.

Créditos:
Bianca Wachholz, Flávio Vinícius Schons, Gisele de Oliveira Fernandes Salvador, Pedro Bazzo de Espíndola

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